13 de abr. de 2009

A céu aberto

Vou pular da janela do trigésimo primeiro andar
Despencar
Cair com uma velocidade que nem radar possa alcançar
E o meu vôo vai ser cortante, para além do rasante
Só de pensar já sinto a gravidade me empurrar sem nenhuma sutileza
Experimento o vento cantar forte em meus ouvidos com seus ruidosos assobios
Um salto de encontro ao destino...
Agora só sou eu, o tempo, e o espaço
Entre o ápice e o chão
E uma excitação me invade...
Dou risada pra sorte e adeus ao azar
Abraço tudo o que a mim se apresentar
Vou deixar a vida me levar com minhas pernas
Mas, em meu melhor momento
Serei eu mesma o aeronauta que com
Asas de concreto vai rasgar os horizontes
Pra voar a céu aberto
E não tenho a menor dúvida de que essa será
A minha mais louca aventura e piração:
Saltar do 31º pra pousar no 32º andar!
Cair pra cima
Mergulho da alma rumo a outros dias
Onde nada será igual
Novo sol; primeiro canto; vasto céu
Muitos amores bem-vindos nascidos do acaso
Só uma coisa permanente:
A insaciável vontade de me arremessar em novo salto
A céu aberto

Analucia Azevedo

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