27 de jan. de 2012

OS DESAFIOS DO ENSINO DA ARTE

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Arte tem sido um grande instrumento facilitador para a educação, tendo ao longo da historia, um processo árduo no reconhecido de seu papel, desde Platão que á tinha como base para a educação natural até os dias atuais. Considerando que o ato de dramatizar está intrínseco em cada um, como uma necessidade de compreender a representação da realidade. Ao vermos uma criança em suas primeiras manifestações dramáticas, através dos jogos dramáticos, percebemos a sua procura na organização de seu conhecimento do mundo de forma integral. A dramatização não é somente uma realização da necessidade do individuo na interação simbólica com a realidade, proporcionando condições para o crescimento pessoal, mas uma atividade coletiva em que a expressão é acolhida.
A criança a começar a freqüentar a escola, passa a ter a capacidade da teatralidade com um potencial e como uma pratica espontânea vivenciada nos jogos de faz-de-conta, ficando por tanto a responsabilidade da escola a atenção no desenvolvimento dos jogos dramáticos, oferecendo condições para o exercício consciente e eficaz na evolução dessa linguagem dramática. O teatro, no processo de formação da criança, que não só cumpre a função de integrar como também da oportunidade para se apropriar critica e construtivamente dos conteúdos sociais e culturais. Mas será que as nossas escolas estão preparadas para isso?

Muito já se conseguiu avançar o ensino da arte em nosso país,em épocas não tão remotas essa atividade era destinada a professores em alguns casos sem habilitação, e quando as tinha era em artes, puramente. As aulas em maioria era destinada as artes visuais, de forma muito especifica onde os alunos iria aprender as formas geométricas, cores etc. “Nossa escola formal está fundada em valores que há séculos têm valorizado o conhecimento analítico/descritivo/linear em detrimento do conhecimento sintético/sistemático/corporal/intuitivo” ( Isabel Marques), nessa afirmação a autora nos mostra a primeira dificuldade que um professor de artes enfrenta. Hoje já visualizamos um grande avanço, encontramos escolas com profissionais de diferentes linguagens, transformando realidades. Mas essas conquistas se deram mais rápido no campo das Leis que na realidade, mas como acreditamos que a lei também tem um caráter pedagógico, estamos em processo de adequações. Dentre muitas normas criada com o objetivo de valorização do ensino da arte podemos citar uma bem recente de 2008 a Lei 11.769 que determina que a música seja conteúdo obrigatório em toda a educação básica, essa norma podemos também encontrar positivada na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nº 9394/96 em seu artigo 26 § 2º. Outra deveras importante é a que especifica as modalidades artísticas, não tendo mais a figura do professor formado em artes e sim licenciado em teatro,musica,dança. Essas transformações começa na formação desses profissionais podemos tomar como exemplo a construção do Projeto Político Pedagógico do curso de Teatro Licenciatura que vem seguindo o artigo citado acima da LDB, buscando promover o desenvolvimento cultural dos alunos. Esse documento ainda coloca como proposta para o curso formar profissionais prontos para atuar em escolas de ensino fundamental e médio e em instituições específicas de teatro, viabilizando a pesquisa cientifica o visando á criação, compreensão e difusão da cultura e seu desenvolvimento, como também promover a construção e produção do conhecimento, tendo o teatro como uma perspectiva de ampliação dos horizontes através das possibilidades que essa arte como todas as outras nos proporciona.

O Teatro o Oprimido na Formação do Individuo.

Ao questionarmos o ensino da arte não podemos deixar de ressaltar a importância de valorizar o processo e não o produto final, como é comum se encontrar em muitos lugares de atuação desse profissional, dentre vários teóricos defensores dessa afirmação está Augusto Boal, que em seu trabalho com o Teatro do Oprimido, adota essa filosofia. O T.O tem como objetivo tornar o espectador em ator, trazer esse individuo que até então era um agente passivo para o ativo, essa é uma forma de teatro sem dogmas realizada através de exercícios, que ensina o ser humano a usar uma ferramenta que ele já possui e não sabe, Boal afirma que todos nos podemos e fazemos teatro mesmo que não percebemos isso “ Nós somos aqueles que acreditamos que todo ser humano é artista;que cada ser humano é capaz de fazer tudo aquilo de que um ser humano é capaz” (Augusto Boal). Esse método é fundamenta em uma filosofia humanista. O surgimento desse teatro se deu na década de 60 em uma apresentação do teatro de Arena no nordeste em um assentamento de sem-terra, o espetáculo tratava da reforma agrária, no final da apresentação, o líder daquele acampamento, tentou convocar os demais companheiros para a lutar na defesa de outro acampamento, sem êxito, nesse momento Boal constatou que aquele teatro era um monologo e não um dialogo, mas foi em 1971 com o teatro jornal que se inaugura o teatro do oprimido, e conseqüentemente nessa mesma década desencadeia as demais vertentes. O T.O explora muito a transformação através da arte, ele nos propõe um teatro totalmente comprometido com a mudança de comportamento do ser, combatendo o teatro só como divertimento, criando um distanciamento entre o que esta sendo apresentado com o que o espectador trás, assim deve ser o ensino da arte uma eterna batalha contra a valorização do produto e não do processo, a arte como mero divertimento, consumida por poucos
A busca do aperfeiçoamento do ensino da arte está longe de chegar o fim, cabendo aos profissionais dessa área um maior comprometimento com o seu instrumento de trabalho. A arte não é um produto e sim um processo, de grande complexidade, visando trabalhar a humanidade, lhes dando uma maior percepção, ou seja, permitindo aguçar os seus sentidos.


Texto e foto de Maria Lucyelma.

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