12 de jan. de 2011

Nota de Repúdio



Destruição de Anfiteatro pelo poder Público em Viçosa-AL
Em dezembro de 2010 a cidade de Viçosa conhecida como berço da cultura alagoana protagonizou uma atitude que remete a formas reacionárias de ver e pensar cultura.
Quem pensar que da Grécia, Viçosa herdou apenas o título de Atenas das Alagoas, por ser uma terra da qual saíram muitos intelectuais, se surpreenderia ao ver que lá também existiu um anfiteatro na conhecida Praça da Cavalhada, onde há anos atrás aconteciam apresentações culturais.
Vale ressaltar que o anfiteatro se achava sem apresentações há um bom tempo. Virou moradia daqueles que não tinham o que consta no Artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que diz que “Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação...”. Recentemente as famílias foram retiradas e levadas pela prefeitura para casas populares, mas em compensação o anfiteatro foi destruído.
Alegam que não se realizavam atividades e que aquela área havia se tornado um local de tráfico de drogas, dizem ainda que se não fosse destruído outros ocupariam ou até mesmo os que já haviam recebido casa, no entanto a pouco menos de um ano foi criada na cidade a guarda municipal, talvez apenas um guarda resolvesse o problema, ou melhor, garantir o direito a moradia digna e boas condições para se viver com políticas públicas que promovam a vida acabariam definitivamente com parte desses problemas. O fato de não estar tendo atividades não é motivo para levar a destruição de um espaço que, diga-se de passagem, foi construído com o dinheiro público, ao contrário, seria agora uma oportunidade para se pensar na criação de projetos culturais que movimentassem e valorizassem aquele ambiente e a região, trazendo para lá a função original do teatro.
Luigi Lucarini, arquiteto italiano que chegou a Alagoas por volta de 1875 na qual deixou obras como o Teatro Deodoro em Maceió e o Teatro Sete de Setembro em Penedo, acreditava que “O Teatro é uma escola para o povo!” e como toda escola tem ele a função de educar para possibilidades que despertem a autonomia dos seres humanos.
Destruir um teatro é uma ofensa a dignidade dos seres humanos. Perderam os artistas que precisam de espaço para deixar sua mensagem, o vendedor de pipoca, o iluminador, o sonoplasta e o povo que precisa da arte, porque com ela se criam dúvidas e incômodos que atentam para a cobrança dos direitos que garantem uma melhor qualidade de vida.
O teatro na origem da palavra significa “o lugar de onde se vê!” e em Viçosa foi ao chão restando hoje apenas seus destroços, mas o teatro como força de expressão e necessidade humana nunca desabará, continuará a existir enquanto houver vida.
Por Bruno Alves da Silva
Diretório Central de Estudantes - DCE Quilombo dos Palmares-UFAL
Conselho de Entidades de Base-CEB-UFAL

Um comentário:

  1. Belissímo texto. Infelizmente, a cidade de Chã Preta (bem vizinha), também conhecida como a terra da cultura, anda do mesmo jeito. Êita Alagoas de gente de bem e que se preocupa com a cultura e educação do povo. Gosto de mais daqui, pode crer. Um abração e visite nosso espaço: www.pastoradrianotrajano.blogspot.com

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